
Na contra-mão do discurso pessimista que tomou conta não somente da indústria publicitária mundial, mas de todas as outras, o vice-Chairman do Omnicom Group Tim Love lançou o Manifesto da Indústria da Publicidade, no qual exibe sua visão sobre o momento de crise e a responsabilidade do setor, que pode ter um papel fundamental na missão de reerguer a economia global.
Confira abaixo o documento:
Manifesto da Indústria da Publicidade - Outubro de 2008
A indústria da publicidade existe na troca de idéias entre pessoas. Hoje, há mais gente disponível para se comunicar com as outras do que em qualquer outro momento da história da humanidade. Isso significa que a primeira mídia de todas são as pessoas. Isso significa também que criar idéias a partir da compreensão humana traz mais conseqüências - e talvez, mais valor também.
Os desafios sócio-econômicos com que estamos nos defrontando desvalorizam a interdependência de uma economia globalizada. Há poucas dúvidas de que estamos testemunhando mudanças econômicas, ambientais e sociais como nunca antes. Também há pouca dúvida de que algumas das idéias que estamos usando não nos ajudarão mais. Novas idéias são necessárias.
Medo
O medo é mais comum hoje. O medo é um assassino, particularmente quando a economia sofre de uma recessão ou por causa de um golpe como este que estamos vendo. O medo sufoca a criatividade que reúne as pessoas e que alimenta o otimismo da economia. O medo pode ser particularmente doído para um negócio que depende de ter uma cultura orientada por idéias, como no caso da indústria publicitária. E ele fere a qualidade e a inventividade de nosso talento para a inovação.
Publicidade é mais arte do que ciência. A ciência custa dinheiro. A arte custa paixão. A tensão que ocorre quando o medo está presente por causa de transtornos sociais ou incertezas econômicas pode afetar muito a coragem e a paixão nos negócios de cada um. A indústria publicitária é otimista por natureza, até mesmo destemida. Nós inventamos idéias que tornam possível mudar comportamentos e crenças. É por isso que os clientes buscam a nossa ajuda.
Ser destemido tornou-se mais importante quando os tempos são difíceis, quando existem crescentes incertezas. Nestes momentos é que os anunciantes precisam de mais do que nunca criatividade e inovação de seus parceiros de publicidade e comunicação de marketing.
InovaçãoExiste uma diferença entre criatividade e inovação. Criatividade é quando as idéias são novas e potencialmente valiosas. A inovação ocorre quando você conecta idéias que não parecem estar conectadas. Ela é o processo pelo qual as idéias criativas são percebidas. Uma pesquisa de Harvard indica que a criatividade ocorre quando as pessoas agem em contato com seu ambiente, quando as idéias são medidas contra algum contexto social mais amplo. Inovação, portanto, é pensar diferente, e juntos.
Das profundezas da Depressão, Charles Kettering aprendeu, em primeira mão, a tremenda força das novas idéias para o crescimento econômico. Durante um discurso proferido para líderes de negócios em 1938, fez comentários sobre a atitude que prevalecia entre eles de que "nós precisamos apenas esperar até que a economia comece a voltar novamente". Kettering ressaltou que a economia não estimula a si própria em direção à mudança e que a inovação e novas idéias são necessárias para que ela dê o salto inicial.
Aqueles que já estão há algum tempo no negócio da publicidade sabem que após todos os cortes em investimentos e recursos, os clientes brevemente precisarão de idéias frescas para alimentar o crescimento. Você não pode derrubar o seu caminho para a prosperidade. Um estudo da Association of American Advertising Agencies (AAAA) sobre o marketing e a publicidade em tempos de recessão mostra que as marcas e empresas que abraçam ou aumentam seus investimentos nestes períodos obtém um significante crescimento em share e vendas a longo-prazo (Nome do estudo: Advertising In A Recession: The Best Defense is a Good Offense, de Bernard Ryan Jr.). Quando todos os outros estão com medo de agir, os poucos destemidos que fazem algo têm tudo para ganhar.
Assim como todos os outros negócios, a indústria publicitária nunca foi tão desafiada quanto neste exato momento. Ironicamente, ela nunca foi tão necessária. Com as ramificações sociais de tecnologias de comunicação global, preocupações sociais contínuas e a necessidade de estímulo econômico, nossa inerente inventividade e habilidade para converter criatividade em inovação são severamente requisitadas.
Este é um mundo de negócios em que fronteiras e nações são menos relevantes e se tornaram menos dominantes por causa da abertura do comércio, consolidação das indústrias e da onipresença da mídia nos conectando cada vez mais. Um dado importante é que das 100 maiores entidades econômicas 51 são corporações e 49 são países. Isso significa que as pessoas estão sendo tocadas por corporações e marcas mais vezes do que por qualquer governo nacional.
O contexto é importante. Diversas alianças estão adicionando contextos que alteram o cenário para as idéias. Desculpe Tom, isso não é plano (aqui ele se refere ao autor do livro O Mundo é Plano, Thomas Friedman). O mundo está rodando, interconectado e sempre em tempo real. Isto está criando uma blogosfera que está fluindo, cheia de informações e desinformações. Descobrir a verdade requer uma grande dependência da palavra que vem da boca e das perspectivas. Ao mesmo tempo em que nos consideramos sábios das multidões. Nós precisamos estar sintonizados à sabedoria dos indivíduos. Devemos escutar os filtros perceptivos únicos de cada um para a diversidade de informação disponível.
É uma corrida por idéias. As crescentes alianças da economia global dependem do significado do processo de informação para os indivíduos - nossa habilidade para ouvir, aprender e, então, fazer escolhas.
A força das escolhas
A Teoria das Relações Sociais é focada em relacionamentos. Sugere que em qualquer relacionamento, dentre ele ou ela, quem tiver mais escolhas, tem mais poder.
A publicidade existe como uma influência dentro do mundo da economia. É algo sobre ter escolhas. Nós estamos cada vez mais livres para fazer escolhas. Mas o pensamento de quanto aquilo depende de nossas decisões, pode tornar nossa liberdade de escolha algo difícil. Não obstante, e podemos aprender isso da história, há uma linha fina que separa a liberdade de escolha de não ter qualquer escolha.
Vencer a corrida das idéias vai depender de colaboração. Isso significa aproveitar as capacidades multinacionais localmente com as melhores práticas globais gerando riqueza em cada segmento da pirâmide econômica. Significa colaboração entre disciplinas de marketing, talentos e lugares para reunir objetividade, diversidade de compreensões e idéias sobre consumidores e criadores de informação. Estes são os indivíduos que estão cada vez mais ligados e que têm mais escolhas.
Perspectivas futurasNós somos um tipo de país com múltiplas escolhas. Múltipla escolha é um instrumento de aprendizado mais útil do que uma questão com respostas verdadeiro/falso. O verdadeiro/falso assume um caminho, ou o outro, o certo e o errado. Verdadeiro/falso não prevê possibilidades suficientes de ligar coisas que não pareciam estar conectadas.
No rio da tecnologia das comunicações, que está sempre fluindo, toda informação corre para dentro e fora dos indivíduos. Uma corrente de mal-entendido entra no meio, com uma ressaca de informações erradas que nunca foi tão forte. Não nos esqueçamos de que apenas peixes mortos seguem a corrente. Eu estou otimista. Tudo o que precisamos é de alguma
boa publicidade.
Tim Love
PS: Se você pensa que este é um argumento político, você apenas teve uma demonstração de como o seu filtro perceptivo funciona.
http://www.meioemensagem.com.br/novomm/br/Conteudo/?Tim_Love_lanca_o_Manifesto_da_Industria_da_Publicidade
Sarah Sader