Desde o dia do crime, as principais emissoras do país, notadamente a Globo e a Record passaram a viver uma guerra por audiência que atropelou políticas editoriais e códigos de conduta de seus profissionais, sem falar nas consequências financeiras.
Um crime cuja abordagem deixou de ser jornalística para transformar-se num reality show, movido pelo voyeurismo e pelo sensacionalismo.
A Rede Record, desde o primeiro momento, resolveu apostar todas as suas fichas no acompanhamento do caso, alterando a grade da programação para privilegiar entradas ao vivo.
A aposta rendeu preciosos pontos na audiência medida no Ibope e colocou um dilema para a Globo: fazer uma cobertura discreta para não comprometer as normas jornalísticas internas que rejeitam o sensacionalismo, ou ceder ao departamento comercial preocupado com uma eventual fuga de anunciantes para a concorrente.
A controvérsia interna chegou a ser testada na prática na manhã seguinte à da entrevista ao Fantástico do casal Nardoni.A programação matinal da Globo foi alterada para abrir espaços para a entrevista com a derrubada de comerciais. O resultado foi um pulo na audiência, que bateu a da Record, cujos índices vinham superando os da concorrente nos dias anteriores.Os departamentos comerciais exultam quando as audiências crescem, não importa como. Já o jornalismo sofre porque as pressões sobre os códigos de ética e de conduta tornam-se irresistíveis, e os profissionais sabem que o procedimento de ceder diante do sensacionalismo pode criar precedentes perigosos.
O caso Isabella surgiu no momento em que os espectadores se mostravam cada vez mais enfastiados com os escândalos de corrupção e as querelas entre governo e oposição, em Brasília. Era o prato ideal para sacudir a audiência, como acabou acontecendo. Agora, sempre que alguma concorrente da Globo sentir necessidade de dar uma mordida no Ibope da líder de audiência, é só explorar um caso escabroso para que a emissora do Jardim Botânico seja obrigada a sair correndo atrás do prejuízo, mesmo a contragosto.
Observatório da imprensa 25/04/2008 http://www.observatorio.ig.com.br/ . É realmente uma vergonha que as emissoras abusem do sensacionalismo para atrair audiência,fazendo casos tão críticos como esse se transformarem simplesmente em reality shows.Pior ainda,é enfatizar no caso apenas em busca de audiência,deixando de lado as notícias da política nacional como já é de costume das emissoras,lamentavelmente.
Ana Carolina
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3 comentários:
Penso eu que a mídia tem o direito de manter a população informada,mas jamais do sensacionalismo para se sobresair. Gabriela Diniz
Bom a midia tem feito o seu papael perante o caso.
Só espero q ue ela nao enfluencia na verdade e que esse caso seja logo solucionado.
Gabriela Cristina
O caso Isabella chocou muito o país, mais ainda pelo simples fato da grande divulgação do caso pela mídia! Com certeza é um fato horrível. Mas vejo que a um sensacionalismo em cima disso, devemos levar em consideração que foi a vida de uma criança perdida, as emissoras estão jogando pesado pra ganhar em cima de um fato terrível.
Acredito também que a grande repercução do caso foi por ele ter acontecido em classe média. Tantos casos acontecem em classe baixa e a população simplesmente desconhece!
Sarah Sader
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